Ovelha Negra.

Ovelha Negra.

Por Júlio César Camilo da Silva.

Bacharel em Direito com pós graduação em Direito e Processo do Trabalho.

Na sociedade brasileira, existe o estereótipo da ovelha negra. Esta é tratada como a que discorda das tradições da família ou do local onde foi criada. Por pensar diferente, sofre preconceito.

“Todo concursado compra um carro. João é o mais novo concursado, logo João…” existe mesmo essa necessidade, obrigação? Para a sociedade, a resposta é óbvia e só essa é admitida: SIM!

O pensar diferente, o agir diferente, sempre foram alvos de preconceito. Os conceitos, ensinamentos enraizados, sempre guiaram como a humanidade deve seguir, não se admitindo pensamentos diferentes. Não admitimos que o outro pense diferente de nós. É um mini – eurocentrismo, (valorização da cultura e sociedade europeia como sendo superior ás outras). Prova disso é o que vai acontecer ainda esse ano em nosso país. Lá pelos meses de agosto, vai haver troca de farpas, seja na rua, nas esquinas e principalmente nas redes sociais. Tudo isso por causa de política. Indubitável. Esse fato vai ocorrer.

Por essa razão, para se tentar levar uma vida mais pacífica é que algumas pessoas evitam expor pensamento no que diz respeito à religião, política e futebol.

Ainda acerca dos pensamentos enraizados, tem-se ou tinha-se a ideia de que manga com leite faz mal. Quem hoje tem no mínimo 40 anos ouviu muito isso. Na verdade, sua combinação é bastante saudável, já que oferece boas doses de betacaroteno, vitamina A, vitamina C, ferro e cálcio, dentre outros minerais. Há uma lenda que esse conceito teve início no Brasil Colonial, quando, em que pese não haver dificuldades para se ter acesso à manga, o leite era considerado um alimento caro, reservado à alta nobreza. Então, para que os escravos não tivessem acesso a essa mistura, criou-se o mito que ainda existe, mesmo que em menor intensidade.

Agora, imagina o que foi dito da primeira pessoa que pensou em misturar os dois ingredientes?

Outro exemplo clássico é o constante incômodo que todos temos ao ver um simples chinelo virado.

Criam-se, assim, os paradigmas, que podem e devem ser quebrados, basta ter disposição e algumas pessoas têm.

Ainda em 1994, Steve Jobs, (pouco conhecido) afirmava que tudo o que se faz, a forma como se age, são conceitos criados por gerações posteriores, que foram incutidos na mente da sociedade atual, que os faz e executa de forma automática, mas que qualquer pessoa pode fazer diferente.

Toda a sociedade atual tem muito o que agradecer a, no mínimo, três ovelhas negras famosas, (magnatas da tecnologia). Deixaram a maior universidade de todos os tempos (Harvard) e se empenharam em conquistar seu objetivo. Sem elas, não teríamos facebook, iphone, internet. Isso mesmo, estamos falando de Mark Zuckerberg, Steve Jobs e Bill Gates, respectivamente.

O conceito de ovelha negra está intrinsecamente ligado à ideia de ambição. Sem ela, Abraham Lincoln teria passado a vida toda nos arredores da cabana onde nasceu e passou a infância, (jamais se tornaria o 16º presidente dos Estados Unidos da América); Soichiro Honda não teria criado sua montadora, (está mesmo que está deduzindo). Numa visão nacional, Senhor Abravanel, (Sílvio Santos) ainda estaria vendendo capas para título de eleitor e Luís Inácio, amendoim e laranja no cais de Santos. José Carlos Semenzato ainda estaria vendendo salgadinhos na Cidade de Lins e nunca teria fundado a rede Microlins, que posteriormente foi vendida.

Seguir um caminho diferente, pensar diferente, agir diferente gera, para muitos, uma visão de descansado, já que os objetivos desse que pensa diferente demoram mais a se realizar, a surtir efeitos. E como não surte efeito, sua fama não é das melhores. Não foi da noite para o dia que essas pessoas, (citadas acima) realizaram os sonhos delas e, enquanto estavam trabalhando no anonimato, para muitos, nada faziam.

Toda pessoa que, segundo ela, realiza um feito extraordinário, (para algumas pessoas, viajar ao exterior é comum, já para outras é uma realização impensável) sente-se demasiadamente feliz. E é o que importa. Pode-se viver 40. 60, 80 anos, a vida é curta e, por essa razão, deve-se fazer o que se tem em mente, desde que com responsabilidade e não o que as outras pessoas dizem. Afinal, quem responde pelos seus erros é apenas você, então apenas você pode colher os frutos do que plantou.

Advertisement